quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Sobre a Observação sem Escolha


Façam com que este artigo se relacione consigo mesmo, pois, embora seja sobre JKD, ele se refere, primeiramente ao desabrochar de um artista marcial - não a um artista marcial "chinês", um artista marcial "japonês", etc. Um artista marcial e antes de tudo um ser humano. Uma vez que as nacionalidades nada tem a ver com a humanidade de cada um, elas nada tem a ver com as artes marciais. Abandone seu casulo protetor de isolamento e se relacione diretamente com o que está sendo dito . Retornem aos seus sentidos fazendo cessar as supertições intelectuais. Lembre-se de que a vida é um processo constante de relacionamento. Lembre-se, também não busco sua aprovação, nem influenciá-lo em meu modo de pensar.

Ficarei mais do que satisfeito, se, em conseqüência deste artigo, você começar a investigar tudo por si mesmo e parar de aceitar, sem críticas, fórmulas prescritasque ditam que "isto é isto" e que "aquilo é aquilo".

Suponhamos que várias pessoas, treinadas em diferentes estilos de artes combativas, presenciem uma briga de rua. Estou certo de que ouviremos diferentes versões de cada um destes estilistas. Isto é bastante compreensível, pois não se pode ver uma luta (ou qualquer outra coisa) "como é", enquanto se estiver com as vistas tampadas por um ponto de vista tendencioso, ou seja, o estilo, e visualizando a luta pelas lentes de seu condicionamento particular. A luta, "como ela é" é simples e total. Não está limitada a sua perspectiva ou condicionamento como artista marcial chinês, artista marcial coreano, ou qualquer que seja. A verdadeira observação começa quando se deixa padrões estabelecidos e a verdadeira liberdade de expressão que ocorre quando se está além desses sistemas.

Antes de examinarmos Jeet Kune Do, consideremos exatamente o que é realmente um estilo clássico de arte marcial. Para começar temos de reconhecer o fato incontroversível de que, não importando suas origens coloridas (por um monge sábio e misterioso, por um mensageiro especial em sonhos, por uma revelação sagrada, etc.), os estilos foram criados pelos homens. Um estilo jamais deve ser considerado como verdade evangélica, cujas leis e princípios não podem jamais ser violados. O homem, ser vivo, criativo, e sempre mais importante do que qualquer estilo estabelecido.

É concebível que, ha muito tempo, um certo artista marcial descobriu uma certa verdade parcial. Durante toda sua vida, este homem resistiu a tentação de organizar esta verdade parcial, embora isto seja uma tendência comum na busca do homem pela segurança e certeza da vida. Após sua morte, seus discípulos utilizaram "sua" hipótese, "seu" postulado, "sua" inclinação e "método", transformando-os em lei. Então credos impressionantes foram inventados, cerimoniais solenes prescrevidos rígida filosofia e padrões formulados, e assim por diante até que finalmente uma instituição foi erigida.

Assim, o que se originou como intuição de um só homem, de certa fluidez pessoal, foi transformando num sólido conhecimento fixo, completo com classificação organizada de reações apresentadas de ordem lógica. Desta forma, os seguidores leais bem intencionados não só fizeram deste conhecimento um santuário sagrado, mas também uma tumba, na qual enterraram toda a sabedoria do fundador. Mas a distorção não está necessariamente aqui. Em reação com a "verdade do outro", outro artista marcial, ou possívelmene um discípulo insatisfeito organiza uma aproxiamção contrária, tal como o estilo "brando" versus o estilo "duro", a escola "interna" versus a escola "externa", e todas essas tolices separatistas. Logo esta facção oposta também se transforma numa grande organização com as próprias leis e padrões. Então se inicia uma rivalidade, em que cada estilo clama ser o possuidor da "verdade" com a exclusão dos demais. Quando muito, os estilos são meramente partes dissecadas de um todo. Todos os estilos requerem ajustamento, parcialidade recusas, condenação e uma porção de autojustificativas. As soluções que pretendem fornecer são exatamente a causa do prblema, pois elas limitam e interferem o nosso crescimento natural e obstruem o caminho da compreensão genuína. Sendo divisivos por natureza, os estilos mantém os homens afastados entre si ao invés de uni-los.

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